22 de outubro de 2007

Convenção


Cheguei, neste momento, à terrível conclusão
que a minha vida teve muita convenção.
Nasci quando tinha que nascer.
Cresci quando tinha que crescer.
Estudei até a convenção deixar.
O meu namoro foi convencional.
E teve no casamento o fim formal
e esperado por qualquer convenção.

Estudar e estar casada, ao mesmo tempo,
já não se enquadrava bem
nos parâmetros que qualquer convenção tem.
- Trabalha, sê esposa e mãe – dizia a convenção,
- não sacrificas marido, pai ou mãe
e ainda tens um filho para os enternecer.

Esta ideia fez meu coração doer.
Queria estudar.
Tirar o curso que sempre desejei.
Queria aconselhar-me.
Pedir ajuda a alguém.
Ninguém apareceu.
Ninguém se apercebeu.
E então!!!
Resolvi, seguir a convenção.

Tive o filho que a convenção queria.
Foi sempre desejado e foi bem vindo
por mim, pelo pai, pelos avós.
E nasceu um rapaz sadio e lindo
que encheu minha vida de alegria e aflição.
Que quereria dele a Dona Convenção?

O tempo foi passando
como foi convencionado.
O filho foi crescendo
com os pais a seu lado,
mas, quando esse filho fez 12 anos
e, convencionalmente,
precisa mais do pai,
o pai morreu.

Onde estava a convenção?
A convenção a quem eu obedeci
em várias situações da minha vida,
contrariando-me a mim e ao meu coração?
Comecei a perceber que fui traída
por tudo o que rodeou a minha vida,
tudo aquilo em que entrou a convenção.

Então,
a partir de agora vou tentar
em tudo aquilo em que tenha que optar,
esquecer a convenção.

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