29 de abril de 2008

Uma história sobre Tarot



Andando a navegar aqui pela net, encontrei esta história que me chamou a atenção por 3 razões: Não vinha assinalada a autoria (com muita pena minha); focava um tema que eu adoro e finalmente, achei a história muito bonita e que tinha em si toda a essência do Tarot e dos Arcanos Maiores.
Vou-vos contar: A história chama-se "Uma história sobre Tarot"

Era uma vez um viajante que seguia o seu caminho livre e despreocupadamente, quando alguém lhe perguntou porque se tinha tornado um LOUCO. Ele parou por um segundo e resolveu contar sua história, não porque precisasse mas porque era uma criança que o abordava.

Um dia, sentado no meu escritório, fiquei a pensar no que me estava a acontecer, na insatisfação, no vazio e na falta de sentido que estava vivendo. Foi quando ouvi um estalo, algo como um raio, e me dei conta de que poderia fazer todas as modificações que estava precisando, pressentindo e que não tinha tido coragem, garra e determinação, até àquele momento. 

Dei-me conta de que eu era um MAGO e que precisava assumir os meus poderes de transformar, escolher, ousar e agir, senão eu seria um eterno infeliz.
Foi quando tive meu primeiro encontro com a SACERDOTISA e estabelecemos uma longa conversa. Percebi que tudo o que ela estava a dizer correspondia ao que eu pressentia, intuía e a que nunca tinha dado a devida atenção.

A SACERDOTISA aconselhou-me a procurar dentro de mim mesmo e tentar descobrir o que é que meu lado feminino, criativo e sensitivo estava a tentar mostrar-me. Foi aí que descobri a arte da minha IMPERATRIZ, tão poderosa quanto eu mesmo, descobri o meu lado artístico bem-humorado e expansivo, que gostaria de arriscar mais e que eu segurara e calara por tantos anos.
Junto com ela surgiu o IMPERADOR com as suas armas, lógicas, estratégias e organização para me orientar na construção daquilo que estava tentando, através do meu processo de criação e intuição, executar.

Foi nesse casamento da IMPERATRIZ com o IMPERADOR, o meu lado feminino com o meu lado masculino, que encontrei o PAPA, que me ensinou com o seu conhecimento, sabedoria, disciplina e autoridade a religar-me ao meu MAGO na procura de qual seria o caminho, nesta tão desejada mudança, já anunciada e imaginada, pronta para seguir a sua trilha.

Todavia, para que isso acontecesse, eu teria que fazer algumas escolhas e estas não podiam mais ser baseadas nos ENAMORADOS, na paixão e no vício característicos da adolescência, e sim na escolha consciente e sábia da direcção exacta que estava querendo dar ao meu CARRO: no domínio da minha Essência Divina sobre a matéria e o meu Ego. Mas antes, eu tinha que encarar a JUSTIÇA, com toda a sua verdade, harmonia, equilíbrio e segurança, para decidir como poderia, daquela data em diante, reescrever a minha história, numa parceria entre razão e sentimento.

Como poderia ter a certeza de que este seria realmente o meu caminho e não mais aquele que tinha percorrido até àquela data? Neste dilema, encontrei o EREMITA, que através das suas palavras, da sua idade, sabedoria e experiência de todo o conhecimento adquirido na vida, me ensinou a ouvir-me, a respeitar-me e, acima de tudo, a saber o que Sou, ou pensava que era.
Cheguei a um ponto onde já não era mais o mesmo, já tinha tido contacto com meus sons e desejos mais profundos, tocado minha Essência e agora teria que girar a RODA DA FORTUNA; tinha que tomar um rumo novo já que o que estava vivendo não era o meu, e tão pouco me estava satisfazendo. Isto já era bastante claro naquele momento.

Foi aí que tive que usar de toda a FORÇA para me manter firme na decisão tomada e tive que reaprender o que seria encontrar esse caminho. Encarei meus conflitos com coragem. O enforcador encontrou-se finalmente com o ENFORCADO ao perceber os erros transformados em aprendizagem.
Foi necessário abandonar e sacrificar um momento da vida para buscar, firme e realmente, a profunda mudança de rota. Foi a verdadeira MORTE: dolorosa, brusca, profunda, cortando e ceifando toda e qualquer possibilidade de regresso ao que eu era antes.

Como poderia alquimizar tantas desavenças e contradições? Como poderia reverter todo esse processo? Pensei melhor e resolvi encarar tudo. Segui em frente e usei todo o poder da TEMPERANÇA. Foi aí que todo o meu processo começou a explodir e a implodir. Encarei os meus medos, ansiedades, inseguranças; encarei o meu lado obscuro, negro, sombrio e descobri que o DIABO vivia dentro de mim mesmo, no meu corpo, dando-me energia e poder e acima de tudo a verdade.

Tive que desabar todos os meus conceitos e preconceitos, enfrentei a TORRE dos meus valores e desvalores, minhas alegrias e tristezas, amores e desamores e ao encarar comigo mesmo percebi que quando alguém quer construir alguma coisa real e verdadeira, única como o Si Mesmo, deve descobrir, primeiro, qual é a sua fé, a sua crença, aquilo que acredita ser.

Foi então que percebi que, no final deste túnel existia uma ESTRELA brilhante e radiante e que me acenava o caminho do novo, pois já tinha descoberto a minha fé.
Mas ainda seria necessário que eu passasse pela LUA e pelo SOL, pela noite e pelo dia, pelo claro e escuro das minhas verdades, dos meus sentimentos, do meu conhecimento de mim mesmo, para poder alcançar a minha verdadeira identidade, o meu verdadeiro Ser.

E, através do JULGAMENTO eu pude encontrar o meu caminho e entender o porquê de desconhecer, por tantos anos, a minha verdadeira identidade e essência.
E é no MUNDO, no dia a dia, que refaço e reescrevo a minha história. Agora tenho e sou o que sempre quis ter e ser e que nunca tinha parado para pensar o que seria.

Conciliei, equilibrei e harmonizei os meus opostos e, acima de tudo, parei de lutar contra mim mesmo. Hoje, eu sou.

E vocês chamam-me LOUCO......

24 de abril de 2008

Baptizado

Começo a pensar que este país,há muito tempo que deixou de ser o "jardim à beira-mar plantado" e passou a anedota à beira-mar plantada.

Porque é que eu hoje estou tão amarga? Na semana passada fui até à igreja aqui da minha zona saber o que era necessário para baptizar a minha neta. Os baptizados só podem ser marcados às 5ªs feiras das 18 às 19 horas.

Lá esperei até às 18h e 30 e chegou uma senhora muito simpática que começou logo por dizer que o trabalho dela, ali na Igreja, era todo em regime de voluntariado. Eu não tinha perguntado nada mas, não seria mais fácil ter dito que chegou tarde por que chovia que Deus a dava e que apetecia era estar em casa a ouvir a chuva cá fora?

Mas tudo bem. Continuemos...

Comecei por perguntar o que era preciso fazer para baptizar a minha neta. A senhora lá me foi dizendo toda a papelada que era necessária para a criança, para os pais, para o padrinho ou madrinha... agora só precisa de ser um (disse-me a senhora) tem que ser é crismado ou casado pela Igreja. 

- Porquê? - perguntei. 

-Ordens do Patriarcado - respondeu a senhora, muito solicita. Se já tiverem escolhido mais alguém nós chamamos-lhes os "padrinhos do coração"

- Ah! Mais uma coisa que é obrigatória: os pais e os padrinhos (estes só se puderem) têm que vir a uma reunião com o senhor padre. Os baptizados podem ser de várias crianças porque são todos marcados para a mesma hora.

Será que é com este tipo de tratamento que a igreja pensa angariar mais fiéis.

Será que o padrinho de Jesus também era crismado ou casado pela igreja?

Ah! Esqueci-me que naquele tempo não se ligava a esses pormenores.

Será que os crismados e casados pela igreja são melhores do que os outros?

Será que Jesus disse, venham a Mim as crianças baptizadas?

9 de abril de 2008

Geração do Ecrã

Assunto: FW: Geração do Ecrã

Por *Alice Vieira*, Escritora

Desculpem se trago hoje à baila a história da professora agredida pela aluna, numa escola do Porto, um caso de que já toda a gente falou, mas estive longe da civilização por uns dias e, diante de tudo o que agora vi e ouvi (sim, também vi o vídeo), palavra que a única coisa que acho verdadeiramente espantosa é o espanto das pessoas.

Só quem não tem entrado numa escola nestes últimos anos, só quem não contacta com gente desta idade, só quem não anda nas ruas nem nos transportes públicos, só quem nunca viu os "Morangos com açúcar", só quem tem andado completamente cego (e surdo) de todo é que pode ter ficado surpreendido.

Se isto fosse o caso isolado de uma aluna que tivesse ultrapassado todos os limites e agredido uma professora pelo mais fútil dos motivos - bem estaríamos nós! Haveria um culpado, haveria um castigo, e o caso arrumava-se.

Mas casos destes existem pelas escolas do país inteiro. (Só mesmo a sr.ªministra - que não entra numa escola sem avisar...- é que tem coragem de afirmar que não existe violência nas escolas...)

Este caso só é mais importante do que outros porque apareceu em vídeo, e foi levado à televisão, e agora sim, agora sabemos finalmente que a violência existe!

O pior é que isto não tem apenas a ver com uma aluna, ou com uma professora, ou com uma escola, ou com um estrato social. Isto tem a ver com qualquer coisa de muito mais profundo e muito mais assustador.

Isto tem a ver com a espécie de geração que estamos a criar.

Há anos que as nossas crianças não são educadas por pessoas. Há anos que as nossas crianças são educadas por ecrãs.

E o vidro não cria empatia. A empatia só se cria se, diante dos nossos olhos, tivermos outros olhos, se tivermos um rosto humano. E por isso as nossas crianças crescem sem emoções, crescem frias por dentro, sem um olhar para os outros que as rodeiam.Durante anos, foram criadas na ilusão de que tudo lhes era permitido.

Durante anos, foram criadas na ilusão de que a vida era uma longa avenida de prazer, sem regras, sem leis, e que nada, absolutamente nada, dava trabalho.

E durante anos os pais e os professores foram deixando que isto acontecesse.
A aluna que agrediu esta professora (e onde estavam as auxiliares-não-sei-de-quê, que dantes se chamavam contínuas, que não deram por aquela barulheira e nem sequer se lembraram de abrir a porta da sala para ver o que se passava?) é a mesma que empurra um velho no autocarro, ou o insulta com palavrões de carroceiro (que me perdoem os carroceiros), ou espeta um gelado na cara de uma (outra) professora, e muitas outras coisas igualmente verdadeiras que se passam todos os dias.

A escola, hoje, serve para tudo menos para estudar. A casa, hoje, serve para tudo menos para dar (as mínimas) noções de
comportamento. E eles vão continuando a viver, desumanizados, diante de um ecrã.
E nós deixamos.

In *Jornal de Notícias* *,* 30.3.2008


"Pouco conhecimento faz que as criaturas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o céu, enquanto que as cheias as
baixam para a terra, sua mãe". Leonardo Da Vinci

Este artigo fez-me reviver os meus 33 anos de profissão em que assisti a esta degradação. Os professores manifestaram a sua opinião, alguns professores apresentaram soluções, disseram (por se encontrarem no terreno) o que havia a manter e aquilo que havia necessidade de alterar mas, tal como agora, não foram ouvidos e nalguns casos, até foram criticados e chamados de idealistas.