6 de setembro de 2008

Lenda da Maia



Esta lenda também a li no livro de Gentil Marques e contava assim:
Estava-se em pleno mês de Maio, a Primavera já chegara há algum tempo e o campo estava, naquela altura do ano em que se encontra mais florido.
Mestre Chico também andava tratando da sua terra, especialmente da sua vinha mas, vieram avisá-lo que sua mulher começara em trabalho de parto e era bom que ele fosse para junto dela. Mestre Chico largou tudo o que estava a fazer e foi correndo por aqueles campos fora, com um aperto no coração mas, ao mesmo tempo, com uma grande alegria. Ia nascer o seu primeiro filho.
Lá bem no fundo, as suas preferências iam para um rapaz, mas enganou-se, o parto foi fácil e, quando chegou a casa, já lá tinha a sua menina.
Era uma bebé linda, rechonchudinha, de mãozinhas papudas, cheias de covinhas e que tinha um perfume estranho mas muito agradável, que se espalhava por toda a casa.
Passados os primeiros meses de novidade, os pais começaram a ficar preocupados com o olhar intenso daquela criança como se quisesse transmitir alguma coisa e aquele perfume que sempre a acompanhava.
Os pais começaram a ficar receosos e a mulher pediu a Mestre Chico que fosse contar ao senhor Padre, não fosse alguém invejar a criança ou desejar-lhe mal por ela ser assim.
O pai assim fez e, enquanto isso e, enquanto isso, a mãe voltou para junto de sua filha para a observar melhor e, conta a lenda que, nessa altura, a menina lhe sorriu e, ao mesmo tempo, se começou a ouvir uma música linda, vinda não se sabia de onde. O tempo foi passando, o Chico nunca mais voltava e a mulher, preocupada, ajoelhou-se junto da criança e começou a rezar.
O Chico regressou daí a pouco mas trazia o Padre consigo.
- Que linda menina vocês aqui têm... Bendito seja Deus por vos ter dado presente tão maravilhoso!
- Mas, senhor prior, não ouvis esta música? Não sentis este cheiro?
- Talvez tenham razão, certamente que Deus quis que esta criança trouxesse o perfume e a música das flores da Primavera, mais precisamente do mês de Maio.
- Senhor Padre e acha que não há mal aqui?
- Mal em quê, minha filha?
- E o resto da gente da terra não se irá rir de nós por termos uma filha assim?
- Não, meus amigos! Não há razão para rir, vocês têm uma filha maravilhosa... É uma verdadeira flor de maio. Olha, chamem-lhe Maia quando for a baptizar.
E assim foi.

Os anos foram passando e os pais sempre esconderam aquela criança, com medo que os outros se rissem ou lhe desejassem algum mal.
A Maia, já moça, sofria com este procedimento e um dia, perguntou aos pais a razão.
- Sabes filha, tu és diferente. Não sentes o perfume que anda sempre à tua volta? Não ouves a música quando sorris?
Chegou então a história aos ouvidos do Padre que se recordou nunca mais ter voltado a ver aquela criança desde o baptizado.
Sem mais demoras, o Padre dirigiu-se a casa dos pais de maia e falou-lhes duro:
- Não vos entendo, têm uma menina linda e têm vergonha de a mostrar? Será que estão no vosso perfeito juízo?
- Nunca gostei que troçassem de mim e dos meus - disse o pai para dizer alguma coisa.
- Quantos anos tens, minha filha?
- Não sei, nunca me disseram.
- Vai fazer treze - respondeu a mãe, a medo.
- Treze anos encerrada nesta casa
- Vem minha filha, vem para a casa de Deus. Aí poderás sorrir sempre que queiras.
No dia seguinte, depois de terminar a missa, apresentou-a a toda a gente da terra.
- Vejam, a menina de que vos falei - e empurrou-a meigamente para a frente- é uma flor... tem o perfume das flores... Maia foi o nome que lhe dei, Maia será para nós a alma do mês de Maio, o mês das flores, do perfume e da música.
E conta ainda a lenda e manda a tradição que ainda hoje, durante o mês de Maio, se procurem nos campos, umas pequenas flores amarelas de nome "maias" e aquele que encontrar uma que tenha perfume e música, encontrará a felicidade.
De tal modo se espalhou a fama da menina-flor, com sorriso de perfume e música que, aquela terra começou a ser conhecida por terra da Maia e, mais tarde apenas por DAMAIA.

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ana Paula. Eu tive algum tempo no Algarve, onde não tive net e a seguir quando regressei avariou-se este. Tinha cerca de 400 mails para ler. Não tenho feito mais nada, no PC claro, mas hoje vim aqui fazer uma visitinha e gostei muito do que vi, embora só tivesse tempo para esta história encantadora. A seu tempo prometo ver tudo com atenção, porque gosto da forma como escreve e também me interesso pelos temas que descreve. Continue pois! Se é que a minha modesta opinião deve ser tomada em conta. Força e até breve. Beijo América

Anónimo disse...

Obrigada, América

Este tipo de críticas francas e sinceras (positivas ou negativas) é que me dão muita força para eu continuar.
um beijo e, mais uma vez, muito obrigada.
Ana Paula

Anónimo disse...

Ana Paula , eu não entendo porque me agradece,pois acredito que as pessoas que como eu visitam o seu blog, é que têm que ficar gratos por tudo o que nos oferece. E é óbvio que só lê, quem gosta. Digo eu. penso também que ele não deve estar muito divulgado,pois muito me admiro por não ser mais comentado. Mas a Ana Paula não precisa disso. Tem que ter confiança em si,e continuar.Eu por mim dou-lhe os parabéns. Abraço