19 de setembro de 2008

II - Sacerdotisa

Esta carta pertence ao baralho do Tarot Classic e é uma reprodução a cores do Tarot do século XVIII de Claude Burdel. Esta reprodução foi feita por Stuart Kaplan e publicada por US Games em 1974.
Durante a Idade Média, contava-se uma história em que, uma vez, uma mulher tinha sido eleita Papa. Durante vários anos, ela sempre disfarçada de homem foi subindo na hierarquia da Igreja até chegar à posição máxima e só foi desmascarada quando morreu, de parto, durante uma comemoração da Páscoa.
Esta papisa Joana foi, provavelmente, uma lenda mas, a papisa Visconti, nos finais do século XIII, foi bem real.
Existia um grupo italiano chamado guglielmitas que acreditava que, sua fundadora, Guglielma da Boémia que morreu em 1281, iria ressuscitar em 1300 para dar início a uma nova era em que as mulheres seriam papas e, por se considerarem adiantados na sua sabedoria, elegeram Manfreda Visconti com primeira papisa. A igreja, como era de calcular, achou isso uma heresia e mandou para a fogueira a irmã Manfreda em 1300.
Cem anos mais tarde, a mesma família Visconti encomendou o primeiro baralho de Tarot onde aparece uma carta com uma figura feminina, sem número e sem nome e que seria posteriormente, chamada de Papisa.
Mais tarde, Court de Gebelin acreditava que o tarot tinha a sua origem no Egipto e a Papisa passa a ser chamada de Grande Sacerdotisa. Actualmente, ambos os nomes são usados.
A lenda da Papisa Joana e a história de Manfreda Visconti ilustram uma evolução importante na Idade Média que é o regresso da mulher e dos princípios femininos à religião.
A religião propagada por padres e rabinos passou a ser considerada muito masculinizada, com ênfase no pecado, julgamento e castigo, sentia-se a necessidade de misericórdia e de amor e estas qualidades eram identificadas com a mulher.
Embora a igreja visse Cristo como o Filho e aquele que espalhava o amor e a compaixão, o povo, mesmo assim, ainda sentia necessidade da presença de uma mulher. Surge então, a Virgem Maria quase ao nível do próprio Cristo.
O judaísmo, muito mais conservador apoiou-se na longa tradição da Cabala e pegaram na palavra do Talmude, Shekinah, que significa glória de Deus manifestada no mundo físico e tornaram-na o lado feminino de Deus. Para os cabalistas, Adão surge como hermafrodita (outro toque feminino).
No Tarot, a Grande Sacerdotisa representa o aspecto mais profundo, mais subtil da fêmea, o aspecto misterioso, sombrio, oculto.
Na Grande Sacerdotisa poderemos ver a escuridão, o mistério, as forças psíquicas, o poder da Lua para agitar o subconsciente, a passividade e a sabedoria conquistada através dela.
Este segundo trunfo envolve-se principalmente com o sentido misterioso da vida, tanto aquilo que não conhecemos como o que não podemos conhecer. Fala-nos como um período de retiro passivo pode enriquecer nossas vidas permitindo acordar coisas interiores. Pode tornar a intuição tão forte que nos faz entender qual é a resposta correcta para um certo problema. Esta carta pode ainda alertar-nos para visões e poderes ocultos e psíquicos tais como a clarividência. É o lado mental do arquétipo feminino.
Resumidamente, temos na Sacerdotisa a representação das nossas habilidades desconhecidas, nossa sensibilidade, nossa intenção e uma confiança inexplicável mas muito enraizada. Ela é a expressão da paciência, da compreensão, da indulgência, da bondade, da disposição para perdoar e utilizar o poder das forças inconscientes para bem dos outros - como auxiliadora, curadora ou vidente.
No entanto, também podemos encontrar nela um lado sombrio e surge então a "irmã negra", a feiticeira que usa os poderes da alma para seduzir, paralisar ou prejudicar mas, há sempre relevância ao seu lado alegre e prestativo.
Exercício de meditação:
Sente-se ou deite-se com a coluna direita, coloque à sua frente a carta A Papisa. Feche os olhos, relaxe todo o seu corpo e mente. Respire profundamente, liberte com o ar todas as suas preocupações. Visualize diante de si o arquétipo da Papisa. Repita mentalmente, três vezes, a frase: "Eu ouço a sabedoria do meu coração e da minha alma".
Visualize-se no templo da Papisa, numa bonita noite de Lua Cheia. Ela está sentada no seu trono, o seu rosto transmite calma e serenidade e o seu olhar é maternal. Observe bem a Papisa. O que lhe transmite ela?
A Papisa tem ao colo o livro da sabedoria e do conhecimento. Ela convida-a a sentar-se a seu lado. Abra o seu coração e ouça com atenção tudo o que a Papisa tem para lhe dizer. Ela passa-lhe para a mão o livro da sabedoria, que lhe ensina a obter e a criar. Leia-o. A Papisa irá ajudá-lo/a a nutrir a sua alma e dar-lhe-á todo o apoio que necessita neste momento. Ouça todos os conselhos que ela lhe dá com o seu coração.
Devolva agora o livro à papisa. Agradeça a ajuda recebida. Retire-se da sua presença.
Aos poucos, faça desaparecer a imagem do templo, respire de forma profunda e saia do seu relaxamento.
Afirmações (conselhos) para a Papisa:
- Consigo reflectir de forma serena em todos os aspectos que perturbam a minha alma. Deixo que seja a minha intuição a guiar os meus passos.
- Eu sou a intuição.
- Eu sou a sabedoria.
- Eu sou a serenidade.

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