16 de setembro de 2009

Hércules e o Zodíaco

Fig:- Estátua de Hércules que se encontra no Vaticano.
Durante os meus anos de trabalho fui acumulando "toneladas" de folhas e livros que reservava para uma leitura mais atenta e aprofundada na altura da minha aposentação e é isso que agora está a acontecer e que me está a deixar muito feliz pois estou a encontrar coisas engraçadas, outras interessantes, em que a maior parte delas já se me tinham varrido completamente da memória.
É o caso de uma dúzia de folhas soltas, que me caíram de dentro de um livro, que não faço a menor ideia onde fui buscar mas que têm a particularidade de fazer a comparação entre os 12 trabalhos de Hércules e os signos do Zodíaco.
Vou compartilhar estes apontamentos convosco e, se alguém souber a origem agradecia que me informasse pois acho que se deve dar "o seu a seu dono".
Vamos começar por falar dessa figura mítica que foi Hércules e do Zodíaco.
Todos nós conhecemos Hércules, o herói da mitologia grega, o semideus com uma força muscular excepcional. Tal como Tarzan e Zorro, nos anos cinquenta e sessenta, esta personagem também fez parte do panteão dos heróis de certos filmes que fizeram a alegria de crianças e adolescentes da época. Obviamente, os argumentistas daqueles filmes, pouco escrupulosos, não hesitaram em fazer uma interpretação muito aberta e, no mínimo, muito abusiva, das lendas da mitologia grega, principalmente dos doze trabalhos que desempenhou o mito de Hércules.
Seria preferível não chamar Hércules a este semideus, mas sim Héracles, em grego. Com efeito, foram os Romanos que, muito mais tarde, o baptizaram com este nome. No entanto, é assim que agora é conhecido, é assim que aparece nas enciclopédias quando se refere a sua lenda e a dos doze trabalhos, e o melhor é não lançar mais confusão e concentrarmo-nos no dito ciclo. Efectivamente muitos são os indícios que nos dão a entender que representa as doze etapas que o homem deve ultrapassar no caminho em direcção à libertação, ao conhecimento, à verdade ou, se preferir, segundo uma interpretação mais espiritual ou mística, as doze provas que a alma tem de superar para se libertar do corpo, abandonar o seu invólucro carnal, deixar de ser vítima dos seus desejos, paixões, do bem, do mal e do ciclo eterno, sem fim, dos renascimentos.
Muito antes de serem interpretadas pelos psicanalistas e psicólogos contemporâneos, como tantas outras projecções da psique humana, as divindades e as suas aventuras sobrenaturais eram consideradas pelos nossos antepassados como representações míticas das virtudes e fraquezas dos homens e mulheres, das suas alegrias e das suas tristezas, dos seus prazeres e sofrimentos, do bem e do mal de que eram capazes.
Historicamente, sabemos que o Zodíaco precedeu o Olimpo, mas também que um e outro provêm da mesma configuração mítica do mundo.. Assim, enquanto na astrologia conservámos até hoje os nomes dos deuses romanos para designar os astros que regem o Zodíaco, sabemos que estes foram traduzidos do grego.
Por exemplo, o Sol chamava-se Hélios; mas tal como o patenteamos no Zodíaco, as suas características têm mais a ver com o mito de Apolo do que com o de Hélios.
Efectivamente Apolo é um deus solar que apresenta numerosas semelhanças com Shamash, a divindade solar dos Acádios, ou Utu, o Sol segundo os Sumérios, enquanto Hélios é comparável a , o deus solar egípcio.
Como podemos ver, por razões cuja análise requereria demasiado espaço, os Gregos inspiraram-se tanto no panteão de deuses mesopotâmicos como no das divindades egípcias, para criar o seu próprio universo mítico e uma mitologia tão representativa, tão fiel às componentes da personalidade e aos comportamentos humanos que, durante muito tempo, na nossa mentalidade associaram-se a mitologia e a Grécia antiga.
No entanto, os Gregos não tinham a exclusividade da mitologia mas era um fenómeno inerente a todas as civilizações, todas as culturas e todas as épocas da história da Humanidade.

Quem é Hércules? - Nascido de um deus e de uma mortal, Hércules, ou Héracles para sermos mais exactos, é o que chamamos um semideus, ou seja, metade homem, metade deus. Segundo a lenda, Zeus, seu pai, o deus supremo do Olimpo, tomou o aspecto de Anfitrião para acasalar com a mulher deste, Alcmena, durante uma só noite, mas a qual fez durar 36 horas.
Para consegui-lo, abusou do seu poder sobre Hélios, o Sol, que recebeu ordens para não reaparecer antes deste lapso de tempo, e Hipnos, o Sono, a quem impôs prolongar o sono dos homens e dos deuses.
Quanto à Lua, ordenou-lhe que reduzisse o seu movimento de modo a barrar o regresso do Sol.
Como podemos ver Héracles foi um dos muitos filhos naturais de Zeus-Júpiter, e pode considerar-se que foi concebido com a cumplicidade do Sol e do Sono.
Nove meses depois, Zeus anunciou aos outros deuses do Olimpo que um filho seu estava prestes a nascer e que se chamaria Héracles, o que significava "glória de Hera". Hera era a irmã e esposa de Zeus, uma divindade lunar que para os Romanos tomou o nome de Juno. Por tudo isto podemos considerar que Hércules é, à priori, um ser lunar, astrologicamente situado sob a influência da Lua - personifica pela deusa cujo nome ostenta - e de Júpiter, ou seja, Zeus, o seu deus-pai.
Sublinhando este facto porque, como já precisámos, aquilo que atrai toda a nossa atenção na lenda de Héracles são os doze trabalhos e a analogia com os doze signos do Zodíaco.
No entanto, outro facto aparentemente sem importância - ao ponto de parecer ser ignorado por todos, hoje em dia - deve destacar-se relativamente ao nascimento do nosso herói mítico.
Com efeito, Hércules tinha um irmão gémeo a quem chamaram Ificles, ou seja "forte e glorioso" ou "potência célebre", e veio ao mundo no mesmo momento de Hércules.
Assim, à partida, o primeiro mito relacionado com Hércules é o dos gémeos, da dupla natureza, da dupla personalidade, que encontramos porque é filho de um deus e de uma mortal e, de alguma forma, nasce do encontro entre o Céu e a Terra. Não insistiremos na infância, na adolescência, na educação nem nas primeiras façanhas de Hércules, nem da pouca importância que as lendas deram ao seu irmão gémeo, o que prova que este último representa mais uma forma de dupla natureza do nosso herói.
Vamos descobrir como é que realizando os seus doze trabalhos, simbolicamente fez o percurso iniciático do ser em busca de si próprio e como cada um destes trabalhos está relacionado com um dos signos do Zodíaco.

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