Para cumprir o seu sexto trabalho, Hércules foi desafiado por Euristeu para destruir as aves de rapina que devastavam a região e as ribeiras do lago Estinfália, na Arcádia. Essas aves, consagradas a Ares, ou seja, Marte, o deus da guerra, tal como a lenda as descreve, poderiam ter saído directamente de um livro de ficção científica.
De tamanho bastante parecido com o do grou ou da garça, assemelhavam-se antes a um íbis, a ave mítica egípcia, mas o seu bico direito, as suas patas, as suas asas e as suas penas eram de bronze. Matavam e destruíam até ao fim os animais e os homens que viviam ou passavam por esta região, os quais envenenavam. Os seus excrementos tinham tornado estéreis todas as terras que sobrevoavam. Por último, para se alimentarem, devastavam as árvores de fruto, as hortas e as colheitas das regiões vizinhas. Estas aves que se refugiaram nos sombrios bosques que rodeavam o lago Estinfália, eram uma verdadeira praga. Como ninguém as caçava nem ninguém era tão poderoso para as enfrentar, reproduziam-se interminavelmente. Eram pois, bastante numerosas. Para evitar os seus danos, os homens deveriam ter-se unido, mas negavam-se a isso. Ora, o que impressionou Hércules quando chegou à região da Arcádia, onde se encontrava o lago em questão, foi o seu número elevado.
Como vimos, tanto neste caso como no anterior, trata-se de uma espécie de desastre ecológico, culpa da negligência do rei Augias no primeiro, e da resignação dos homens que carecem de espírito solidário face às forças destruidoras, no segundo. Com o fim de exterminar estas famosas aves, Hércules teve de resolver dois grandes problemas: em primeiro lugar, para alcançar os inexpugnáveis bosques nos quais as aves tinham os seus ninhos era preciso atravessar umas águas pantanosas que eram verdadeiras areias movediças. Em segundo lugar, estas aves, ao multiplicarem-se sem limites, eram de tal maneira numerosas que não é difícil imaginar que Hércules nunca conseguiria matá-las com o seu arco e as suas flechas.
Perplexo, o nosso herói não sabia o que fazer quando Atena, a deusa guerreira, lhe apareceu e entregou um par de castanholas, feitas do mesmo material que o bico, as patas e as asas das aves e fabricadas por Hefestos, "o que brilha durante o dia", o deus do fogo. Então, com este instrumento provocou um ruído ensurdecedor em toda a região e expulsou as aves enlouquecidas. E enquanto estas levantavam voo dando às asas em desordem, Hércules matou o maior número possível com as suas flechas. Foi assim que cumpriu o seu sexto trabalho, devolvendo à região do lago Estinfália a sua tranquilidade, o seu encanto e a sua prosperidade.
Interpretação do sexto trabalho e analogia com o signo de Aquário
Em princípio, a julgar pelos símbolos que encontramos nesta lenda, temos a sensação de estar imersos no universo do signo de Carneiro, mais do que no de Aquário. Não nos é dito pois, que as aves do lago Estinfália são consagradas a Ares, o deus da guerra, que não é outro senão Marte, o regente do primeiro signo do Zodíaco? Por acaso estas aves não têm um bico, umas patas, umas asas e umas penas de bronze, que nos leva a pensar que estão cobertas de armaduras e que se trataria neste caso de guerreiros? E, por último, não é a deusa da guerra Atena quem oferece a Hércules o instrumento graças ao qual poderá pôr fim às ditas aves? Estamos aqui muito longe dos símbolos que eram atribuídos a Saturno e a Urano, primeiro e segundo regentes do signo de Aquário, isto é, seguindo com os deuses gregos, Crono e Urano.
E, no entanto, como iremos descobrir em seguida, esta lenda faz alusão efectivamente ao décimo primeiro signo do Zodíaco. Em primeiro lugar porque estas aves em grande número nos lembram um exército na sombra, semeando o terror, a destruição, a morte, e que o bronze do seu bico, patas, asas e penas é um metal que simboliza a força militar invulnerável e não a força de um guerreiro solitário. Depois, porque estas aves parecem formar um único e mesmo corpo, uma única e mesma entidade que os homens da região, por falta de solidariedade, se vêem impotentes para combater e caçar. Por último, porque a situação que castigava a região do lago Estinfália e o comportamento das aves que o invadiam e devastavam eram totalmente anárquicos.
A combinação de astros que regem o signo de Aquário, Saturno-Urano, é temível, visto que revela uma espécie de extrema determinação impulsiva, a que nada nem ninguém parece conseguir opor-se. Com efeito, trata-se então do deus do tempo, Crono, e o do céu, Urano, que se unem a um modo de representações do destino ou da fatalidade a que Crono se refere, e da liberdade de espaços infinitos, de tudo o que é passível de acontecer, e consequentemente do livre arbítrio. E isto é justamente o que o pode tornar versátil e por vezes tão instável, já que durante muito tempo oscila entre estas duas opções. Está perplexo, tal como Hércules quando enfrentou os problemas postos com a destruição das aves. Todavia, o nativo de Aquário, ao ter um aguçado sentido de oportunidade, vê-se quase sempre favorecido pelas circunstâncias e, consequentemente, pelo destino, que lhe dá a oportunidade de exercer o seu livre arbítrio.. Atena, pois, vem em auxílio de Hércules e entrega-lhe o instrumento que lhe permite caçar as aves ou, simbolicamente, exercer o seu livre arbítrio: castanholas ou, como a etimologia deste nome indica, pequenas castanhas, os frutos do castanheiro, a árvore que simboliza a previsão.
Prever e antecipar, agir e reagir antes de mais alguém, porque sabe o que se vai passar, tal é a grande qualidade potencial do signo de Aquário que, se a adquirir, lhe permitirá ser dono do seu destino e exercer plenamente o seu livre arbítrio.
2 comentários:
Poderoso signo, por isso muitos se surpreendem ao penetrar nesse mundo, nem todos conseguem sair vivos desse contato.
BEijos!
Obrigada pelas suas palavras. Eu tenho um filho Aquário....
Beijo
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